O Cisne Preto e Branco

O Cisne Preto e Branco

por Martin Haag | 24 de junho de 2020

Já dá para fazer cenários para o Pós-Pandemia? Talvez seja cedo demais. Ou não? Tudo bem. A ideia deste artigo é fornecer uma ferramenta de análise e projeção.

Nós sentimos segurança quando temos conhecimento sobre aquilo que fazemos, sobre as condições do ambiente onde atuamos. E quando estamos seguros, acreditamos no futuro, investimos em projetos. Mas isso não garante que não haverá surpresas e que nossos projetos não sejam ameaçados por eventos isolados ou pela súbita urgência de um novo ciclo de eventos. 

Os estrategistas estão comprometidos em garantir o planejamento, ou seja, o futuro. Por isso, é muito frustrante quando ocorre algo que ninguém havia previsto, já que se perdem os recursos investidos em um caminho, que todos consideravam seguro, e também se torna muito penoso retomar as posições já conquistadas. 

De todo modo, seria muito melhor se, em meio à desordem dos eventos, pudéssemos reconhecer antecipadamente algum princípio de ordenamento, algum sentido. Isso nos permitiria enxergar mais longe, pensar em outras lógicas, e, com isso, ao menos, reduzir os impactos de novos eventos emergentes. 

No seu livro “The Black Swan”, de 2007, Nassim Nicholas Taleb escreve sobre uma lógica de ocorrência de fenômenos, pela qual tudo parece estar indo muito bem até que algo extraordinário acontece. Trata-se de algo surpreendente, traumático – simplesmente, porque não estava no nosso radar. Ninguém pensava que podia ocorrer, portanto ninguém coletava dados, observava, ou conversava a respeito. (Em tempo: Taleb, dessa forma, havia previsto a crise de 2008).

A metáfora que Taleb usa remonta ao sec XVII. Os holandeses ficaram chocados ao descobrir, na Austrália, que existiam cisnes negros. Ao contrário da profunda verdade que consideravam como um fundamento, agora não seria mais possível dizer “todos os cisnes são brancos”.  

Ao longo da História, essa falha de organização mental levou países, organizações, e mesmo indivíduos, a ficarem frente a frente com eventos que não faziam parte de sua lógica, que não eram considerados base para seus planos. Nesses casos, ciclos são interrompidos bruscamente, trajetórias são encerradas. Forma-se um trauma, uma perda definitiva, acima da capacidade instalada para sua reposição. Após o trauma, não tem jeito, precisa-se renovação, reconstrução, para que novas condições de existência sejam possíveis. 

Há muitos anos me dedico ao exame atento de ciclos econômicos, sociais e culturais. E tenho aprendido a formar cenários muito seguros para o planejamento, ou seja, sobre o futuro. Para fundamentar essas atividades, de planejamento e estratégia de negócios, a análise de ciclos é uma forma poderosa de gerar análises bem estruturadas e fazer projeções sobre a evolução de sistemas. Dessa forma, pode-se apontar com grande segurança a formação de novos comportamentos e as prováveis atualizações que sofrerá a organização da sociedade. 

Recentemente, examinei com atenção processos de ruptura, preocupado em qualificar projeções sobre a recuperação de ciclos culturais, ou por reconstrução, ou por transformação. Ao comparar alguns desses movimentos, tive insights sobre padrões de processos de ruptura. Ao que me parece, com efeito, tem sido estudado muito pouco como se dá a reorganização dos sistemas sociais após os traumas. Temos os fatos, reunimos os dados, mas pouco conhecimento é gerado sobre os porquês de um caminho, e não outro. 

A figura da terra arrasada é frequente na narrativa pós-traumática. “Não havia mais nada”, “foi preciso construir tudo do zero”, “as pessoas recomeçaram suas vidas”. Esses traumas retiram a coluna vertebral de um sistema. Entretanto, quem sobrevive ainda possui memórias, e agora lida com a nova realidade, baseando-se, naturalmente, em conhecimentos prévios, coisas que já se executava, ou se imaginava. Ao que me parece, há uma destruição, sim, quase total, do fator central de organização cultural. 

O corpo se desmonta. Mas, ao lado do eixo de sustentação arrasado, sempre esteve presente na cena pré-traumática uma oferta suficiente de movimentos secundários, associados a ideias marginais, tecnologias embrionárias, narrativas disruptivas, ou economias nichadas. Os traumas sociais corroem a principal base de sustentação. O que eu percebi de forma mais aguda é que esquecemos de considerar, como parte constituinte do processo, que há um inventário de outras opções disponíveis. E que nessas opções estarão os recursos de recomposição, ou de inauguração, de novos ciclos. 

Aqui me lembrei do livro de Taleb. Com efeito, essa falha de organização mental que estou apontando não se origina de uma ignorância absoluta, como foi no caso do “cisne negro”, para aqueles fundadores da Nova Holanda, em 1697. Na época, simplesmente não havia o menor indício, e logo ninguém considerava que pudessem existir quaisquer cisnes que não fossem os brancos. Mas, para o meu insight, percebi que há uma ignorância, parcial, acerca de outros possíveis cisnes. Trata-se de aves com características intermediárias. Curiosamente, estão bem do nosso lado, e parecem resistir à inclusão no grupo dos “cisnes oficiais”. Com efeito, o que é similar à metáfora do “Cisne Negro” é que há fatos, conhecimentos, informações, que já estão disponíveis em um sistema, mas que ainda não são “verdades” dentro da nossa forma de pensar, ou “consciência”. A esses “fatos intermediários” resolvi chamar de “cisnes preto e branco”. Trata-se de cisnes “não-oficiais”, que na ocorrência de um trauma têm um grande potencial de se transformarem nos novos pilares de sustentação do sistema.

Os cisnes com as cores “preto e branco” são lindos. Essa espécie é chamada oficialmente de “pescoço preto”. Eles vivem ao sul da América do Sul, em risco de extinção. Mas, a propósito, ainda não foram usados como metáfora na análise estratégica. Mesmo habitando o mesmo território que eles, só os conheci porque fiz essa pergunta simples e corri para o Google: “existem cisnes com outras cores?”. O que eu queria saber é se haveria alguma posição entre os extremos, os polos branco e preto. Resultado: uma série de novos pensamentos.

O que eu fiz foi criar uma ferramenta de análise, um gabarito, com o qual posso organizar os casos examinados. Já extraí muitas conclusões interessantíssimas, e acredito que boa parte dos padrões observados se constitui em um recurso excelente para apoiar a construção de cenários, para o que se poderia chamar de “reorganização do sistema”. Nesse momento, essa capacidade se tornou muito valiosa, pois estamos vivendo uma situação traumática, que tem a lógica de cisne negro. Ou seja, pegou todos de surpresa, e agora precisamos nos ajudar, para poder voltar a formar uma consciência de vida cotidiana. Qual o real alcance de toda essa pandemia? E como será a recomposição do mundo depois do trauma?

Art Nouveau (BEL)

A sociedade industrial do final do sec XIX provocou uma visão poderosa sobre a renovação do design. Como um autêntico “outlier”, o movimento belga Art Nouveau*** começa a sua produção a partir de 1880, fora dos espaços consagrados das manifestações artísticas. Suas aplicações manifestam novas fronteiras artísticas, como construção civil, produtos de consumo e comunicação.

Assim como ocorreu em muitos países, a 1a. Guerra Mundial também foi traumática para as atividades artísticas. Um dos mais traumáticos Cisnes Negros da Modernidade. Os países envolvidos reduziram sua atividade econômica, os projetos privados foram suspensos, e surgiram profundos questionamentos sobre os fundamentos da própria vida moderna, que havia pouco começava a ganhar formas humanizadas, orgânicas, imaginativas.

Com o final dessa traumática guerra, as sociedades se reorganizam, e novamente retomam os ciclos de produção industrial. Nesse momento, uma nova estética ganha força, a Art Déco. A partir de um salão de arte “mainstream”, na Paris de 1925, a “art nouveau” é retirada da posição marginal em que se encontrava, e agora seus fundamentos inspiram os principais movimentos que se seguirão: cubismo, abstração geométrica, construtivismo e o futurismo.

Inicialmente, apresentou-se como design para produtos de luxo. Mas, chegará aos EUA, em poucos anos, e os fundamentos daquele movimento agora ganha um lugar central. Após o trauma, temos um novo sistema para a linguagem simbólica da sociedade industrial, um novo padrão central, que aconteceu graças à influência de um lindo Cisne Preto e Branco.

A dinâmica do “Cisne Preto e Branco” pode ser encontrada em diferentes momentos traumáticos, como a Gripe Espanhola no Brasil, O surgimento do Barroco na Europa, os traumas da 2a. Guerra Mundial na Europa, e nos Estados Unidos, da Guerra do Vietnã, ou das ditaduras militares na América Latina.

A lógica do Cisne Preto e Branco vai se repetir na Pandemia / Manifestações BLM? Acredito que sim. Por isso, pergunto: quais são os Cisnes PB que já estavam ao nosso lado, que não estavam no centro da organização da sociedade, e que poderão ser protagonistas após o trauma contemporâneo?

No dia 30 de junho, você poderá assistir uma apresentação ao vivo, onde darei mais detalhes sobre a abordagem do cisne preto e branco. Minha intenção é falar com as pessoas que tenham um interesse em aplicações para suas organizações, e ajudá-las a identificar os seus próprios cisnes preto e branco, e projetar como eles podem crescer. 

A apresentação será de 1 hora e será feita no formato LIVE, pelo Google Meet. Inscreva-se aqui, para receber informações de acesso: https://bit.ly/LIVE-cisnepb

*** “Jugendstil” (ALE), “Modernistas” (ESP), “Style Moderne” (FRA)

nossos cases em 2019

2019 foi um ano de muitas conquistas e cases que alcançaram todo o Brasil. Veja nesse post alguns desses trabalhos que nos enchem de orgulho. 

10 anos de pompéia fashion weekend

Pompéia

O maior evento de moda do Sul do país, realizado pela Lojas Pompéia, completou 10 anos em 2019. Para comemorar a data e lançar a coleção Primavera Verão 2020, criou-se uma campanha com filme, anúncios, ativações pela cidade, além do tradicional desfile.

Veja esse case aqui.


pulso da vida

Lojas Colombo

No Dia das Mães a Colombo levou felicidade através de um presente inesquecível, ao fazer com que uma mãe surda pudesse sentir o coração da sua filha bater pela primeira vez. 

Veja esse case aqui. 


#levantebandeira

Bahia, EscalaCity+

O Bahia em parceria com a EscalaCity+ encontrou uma maneira de levar visibilidade para a causa LGBTQ+, em um dos lugares de mais preconceito sobre orientação sexual: os estádios de futebol. 

Veja esse case aqui. 


Zero Hora. Quem tem, sabe

Zero Hora

A Zero Hora lançou esse ano uma campanha de incentivo à leitura do impresso e valorização do hábito da assinatura com o conceito de “Zero Hora. Quem tem sabe.”

Veja esse case aqui.


canal 95

Umbro

Para apresentar a nova coleção de camisetas e comemorar seus 95 nos de história no Brasil, a Umbro apostou em uma estratégia de transmídia que levou os consumidores de volta aos anos 90. 

Veja esse case aqui.


prêmios e reconhecimentos

Vencemos o prêmio Profissionais do Ano na etapa regional
da categoria Mercado 41ª edição, com o case Seu Vinho, Suas Regras para o Instituto Brasileiro do Vinho.  

E também, conquistamos o prêmio máximo ORIGINAL´s, que premia iniciativas incomuns e inovadoras, com o case Pulso da Vida, das Lojas Colombo. Além disso, o trabalho conquistou a Categoria “Marketing Institucional” do Prêmio Marketing Contemporâneo 2019, elegido pela Associação Brasileira de Marketing e Negócios. 

De aprender a multiempreender

O QUE EU GOSTARIA DE TER OUVIDO NA FACULDADE

O que você gostaria de ter ouvido quando estava na faculdade? Márcio Carvalho foi conversar sobre esse tema na Limonada Pocket do dia 3 de outubro da ESPM com estudantes de Publicidade e Propaganda e Design. A palestra ocorreu no auditório do prédio C da faculdade e funcionou como um painel onde os estudantes pudessem interagir e aprender sobre multiempreender.

Márcio Carvalho, sócio-fundador da Smart Arquitetura da Miagui e da Neorama, pôde apresentar a cerca de 60 estudantes como eles poderiam aproveitar o momento universitário para seguirem suas futuras carreiras. Em uma lista de 10 insights que ele gostaria de ter ouvido em sua época universitária, Márcio inspirou alunos a pensarem sobre sua carreira, relacionando temas atuais com o futuro do mercado e tecnologia.

Estar presente em diferentes territórios de conhecimento e acompanhar os avanços tecnológicos foram alguns dos tópicos abordados por ele. E, mais do que isso, o relacionamento entre diferentes pessoas, foi um item bastante relevante, principalmente quando se fala de criatividade. Gustavo Stoffel, estudante de Publicidade e Propaganda do 4° semestre, comentou sobre a palestra e abordou sobre esse assunto.

“Acho que algo muito relevante que ele trouxe na palestra foi o quanto é importante o contato entre diferentes pessoas para se gerar uma ideia, já que ele disse que muitas vezes uma pessoa pode ter uma ideia boa, mas ele pode se tornar uma ideia extraordinária caso seja compartilhada com outras pessoas, já que elas podem trazer a ´peça que estava faltando´”

Foto: Júlia Prestes

EscalaCity+ apoia o Banco de Sangue Virtual

O Ricardo Nunes teve uma ideia bem simples, mas de grande valor: organizar um cadastro de doadores de sangue. E ele fez isso pela Internet: o banco de sangue virtual. O projeto está ganhando muito apoio, e as pessoas super se conectam com o propósito.

Tudo on-line, bem rapidinho. As pessoas são contatadas conforme as demandas de hospitais, e serviços públicos de saúde, que então encaminham para a coleta. O Banco de Sangue Virtual apenas faz o contato com as pessoas de seu cadastro. O banco de dados está sendo formado aos poucos, em todo o Brasil.

Ainda tem muito trabalho pela frente, e o projeto do Ricardo vai precisar da ajuda de muita gente. Trata-se de um empreendimento voluntário, sem fins lucrativos. E a EscalaCity+ está apoiando. Confere mais detalhes no site: https://www.bancodesanguevirtual.com.br/

No vídeo abaixo, a mensagem que o Ricardo nos enviou:

Um Pequeno Cadastro. Uma Grande Ajuda.

Já cadastrou?

A última livraria!

“The Last Bookstore” foi fundada em 2005 por Josh Spencer. Começou com vendas on-line de livros usados. Mas em 2011, ele foi pela contramão. Josh abriu uma loja física, em um prédio histórico, o The Spring Arts Tower, no centrão de Los Angeles. A loja tem 3 andares, e mais de 2 mil metros quadrados. A última livraria vive, lotada, com clientes de todas as idades, que na maioria dos casos andam longas distâncias para chegar.

O que produz esse sucesso? Muito se escreve sobre o projeto da loja do Mister Spencer. E os visitantes também produzem muito conteúdo sobre o que lá encontram. É um fenômeno de carinho do público, e vendas. De fato, a “última livraria” foi preparada com muita inteligência, para torná-la uma experiência que vale a pena, justamente, para as pessoas que gostam do mundo dos livros antigos.

Livros usados classificados de forma criativa – novidades, e focos em assuntos que aguçam o interesse, como histórias de horror e literatura vitoriana.

Os livros são assunto de decoração – os espaços têm esculturas feitas com antigos livros, nas paredes, e em passagens, como um túnel literal, feito de livros antigos.

Os ambientes são temáticos – foi criado um labirinto, decorado com objetos e imagens relacionadas aos livros, como imagens de personagens vividos no cinema, ou objetos citados em livros. E em algum momento você se descobre folheando livros dentro dos antigos cofres do banco que anteriormente funcionava no prédio.

Cantinhos instagramáveis – clientes podem fazer imagens de tudo, e o Instagram da livraria leva direto para a hashtag.

Mais do que livros – se você gosta de arte, vai adorar a galeria com quadros antigos. Nas galerias em mezanino, tem oficina para aprender técnica de pintura, ou algum artesanato. Mas há muitos artistas vendendo suas obras recentes.

Os clientes também vendem – se você tem livros usados em casa, ou outras coisas que gostaria de vender, também pode ocupar um dos espaços, e colocar tudo à venda.

Móveis antigos para ler e descansar – as poltronas de descanso são antigas, e assim você viaja no tempo, claro, com a sua imaginação – e com os átomos do seu corpo.

A última livraria é um sucesso dos novos tempos, e nos ajuda a revisar, na prática, os fundamentos do bom marketing e do bom varejo:

  • Entender profundamente seu segmento
  • Ampliar a experiência com base na essência do valor que os clientes buscam
  • Gerar histórias que sejam facilmente reproduzidas
  • Criar valor em rede, com produtos e serviços complementares
  • Fazer algo realmente diferente da concorrência
  • Ser feliz com o que faz e divertir as pessoas

Será mesmo a última livraria?

Mais em:

https://www.instagram.com/lastbookstorela/

https://www.theguardian.com/travel/2016/jul/20/the-last-bookstore-los-angeles-great-little-place-i-know

https://www.huffpost.com/entry/the-last-bookstore_b_1663134

O Futuro da TV é Conectado

Rafael Pallarés ( General Manager, LATAM na Telaria )

Permita-me começar com uma pergunta: hoje, no final do dia você vai correr para casa para ligar a TV em tempo de ver o novo episódio do seu show favorito?… Pois é, parece piada. A TV por grade morreu. As pessoas querem consumir conteúdo na hora que for conveniente e na plataforma de sua escolha, o que pode significar baixar o episódio da série para ver no smartphone a caminho do trabalho ou ver o jogo por live streaming na tela da TV. A TV paga já vem sentindo a mudança, que se traduziu em uma perda líquida de mais de 4 milhões de assinaturas nos EUA no ano passado. No Brasil, foram contabilizados mais de um milhão de clientes deixando o serviço nos últimos 12 meses.

Tudo isso leva para uma nova verdade universal sobre o setor: O futuro da TV é conectado. Dentro do ambiente OTT (over the top), onde o acesso ao conteúdo é por IP, há um segmento super-premium que é o das CTVs – TVs conectadas à internet por meio de um equipamento de streaming ou uma smart TV.

As CTVs unem a experiência da televisão, com a tela grande, aos benefícios do ambiente digital com suas possibilidades de interação e segmentação. E a revolução que essa combinação de tecnologias com a produção de conteúdo premium está causando não é pouca coisa. Grandes grupos como AT&T e Warner Media, e Disney e Fox, estão unindo forças e se preparando para este novo mundo.

Novos modelos de negócio estão surgindo, combinando VOD (video on demand) com assinaturas, ou com publicidade, ou com ambas. Outros ainda trazem o live streaming para a fórmula, como a Hulu, pertencente à Disney, nos EUA, afrontando abertamente a TV paga. Líder no segmento, a Netflix deve investir USD $15 bilhões somente em produção de conteúdo neste ano. É seguida por players do porte da Amazon, Apple e Disney.

No Brasil, onde a Lei do Cabo – SeAC – que impede a verticalização do setor está para ser derrubada, viabilizando que programadoras possam distribuir seus conteúdos em streaming sem depender de uma operadora, o segmento também se prepara para uma rápida transformação. Players internacionais como Turner e Viacom já começam a trazer suas soluções, e os maiores produtores de conteúdo locais, encabeçados pela Globo, também já movem as primeiras peças no tabuleiro.

Quem está mobilizando tudo isso? As audiências, claro. Mas principalmente aqueles que mudam os hábitos de um mercado. Para sempre. Jovens de 18 – 34 anos estão alocando 77% mais tempo assistindo a aparelhos conectados do que pessoas com mais de 50 anos. Na faixa de 18 a 24 anos o tempo dedicado a TV tradicional diminuiu em 46% nos últimos cinco anos. Para a geração Z, streaming é “ver TV”. E mesmo entre os que têm uma assinatura de TV paga, quase 80% também assinam algum app de streaming.

O OTT e, principalmente a parte que é entregue em CTVs, permite que os anunciantes se conectem com estas audiências de uma forma sem precedentes. Atualmente 30% dos norte-americanos não são “encontrados” por marcas que usam apenas a TV tradicional, sem o VOD ou streaming em seus planos de mídia. Além disso, as CTVs renovam a experiência do chamado purpose viewing, onde a audiência busca ativamente o conteúdo e assiste atentamente.

Isso tudo pode ser definido como a recriação da experiência da TV. E a sua marca, como está se preparando para aproveitar o futuro conectado?

Por que precisamos prestar atenção à Jornada do Consumidor?

Por Juliane Kramer e Paula Ferreira da Market Station da EscalaCity+

Segundo a SAS Brasil, 88% das marcas não conhecem a jornada de compra dos clientes. Em um momento de grande desenvolvimento das tecnologias e de mudança no comportamento de compra, alinhar estratégias voltadas para a Jornada do Consumidor pode ser um fator decisivo na hora de planejar o Marketing Digital. Por isso, nesse mar de informações da atualidade listamos alguns pontos pra nos ajudar a pensar mais sobre a importância do assunto.

A Era do Consumidor recém despontou no horizonte

Comumente usada para se referir ao movimento de empoderamento do consumidor, a Era do Consumidor está apenas começando. A abundância de informação disponível tornou as pessoas mais exigentes e conectadas, tendo o poder de avaliar diversas opções ao alcance de um clique.

Experiências negativas viralizam rapidamente nas redes sociais: uma única postagem pode manchar uma marca de forma definitiva. O consumidor moderno precisa ser tratado como indivíduo: sua experiência digital precisa ser customizada e altamente relevante, atendendo suas necessidades, expectativas e interesses. Se não estivermos atentos nosso consumidor procurará alguém que faça este trabalho (e não será tão difícil encontrar).

A Jornada do Consumidor está mais digital do que nunca

Uma pesquisa da Forrester estima que, até 2020, em torno de 80% do processo de compra acontecerá sem nenhuma interação com outros seres humanos. Assim, a experiência digital do consumidor pode determinar se ele sequer chegará no ponto de conversão de venda.

Uma boa compreensão desta tendência, do consumidor e das ferramentas, acaba por posicionar o profissional de marketing digital como importante responsável pelo destino da marca. Nele estará a habilidade de influenciar a jornada do consumidor na direção de resultados positivos.

É o modo mais eficaz de oferecer múltiplas soluções e experiências

A exigência do consumidor, que já estabelecemos, faz com que a sua experiência precise ser cada vez mais segmentada. Precisamos colocar à disposição diversos canais e soluções possíveis para que esse público, cada vez mais impaciente, não feche sua página e corra para o concorrente.

Entender suas peculiaridades, o que ele precisa, quando e como é a receita para conquistá-lo.

Darwinismo Digital: Adapte-se ou torne-se irrelevante

Em um artigo, o portal Wired.com afirmou que a sociedade e a tecnologia estão se desenvolvendo mais rápido do que os negócios podem naturalmente se adaptar. O que faz com que nos encontremos em um cenário onde a marca precisa, de forma autônoma, se adaptar ou decretar seu fim. 

A consultoria Capgemini e a escola de negócios do Massachusetts Institute of Technology (MIT) buscaram saber mais sobre o assunto para entender os principais que o fenômeno traz pras organizações. As conclusões foram publicadas estudo “Transformação Digital: Um roteiro para organizações de bilhões de dólares.” São elas: 1) a experiência do cliente, 2) processos operacionais e 3) modelos de negócios.

Entender a Jornada do Consumidor provém dados pro trabalho de Marketing Digital (e vice-versa!)

Depois que você entender como os diferentes tipos e canais de mensagens podem direcionar as ações dos clientes, ficará fácil responder perguntas tipo : qual é o canal principal e quais funcionam como ferramenta de assistência ?

O mapeamento da jornada do cliente entende os de gatilho ao longo do caminho, usando os dados e sinais que os clientes estão enviando para responder com mensagens úteis.

Um ganho possível aqui é saber quais mensagens podemos utilizar em cada estágio da jornada. Com essas informações, podemos mapear que mensagem e frequência são mais efetivos, bem como os dados necessários para determinar o conteúdo apropriado para cada segmentação.


Fontes

Wired.com

Customerjourneymarketer.com

bizibl.com

infomoney.com

Sas.com.br

CAMPANHA LANÇA PRIMEIRO CANAL DE TELE-DICAS NO INSTAGRAM

Para comemorar seus 95 anos de história no Brasil a Umbro preparou uma série de camisetas inspiradas em uma década que marcou a vida de muita gente: os anos 90.

E para apresentar essa coleção de camisetas aos milhares de torcedores as novas camisetas dos clubes da Umbro, EscalaCity+ e cliente apostaram em proposta transmídia.

Cauã Teixeira, redator, relembra processo criativo: “Nos perguntamos como eram lançadas as grandes novidades naquela época! A resposta foi unânime: programas de tele-dicas. Aqueles em que os apresentadores mostravam produtos e falavam de todos os seus diferenciais ao vivo na TV.”

Com essa inspiração, foi criado o Canal 95, um programa de tele-dicas todo feito pelo Instagram. Em cada bloco, o apresentador vende uma das camisetas e os espectadores poderão ligar para receber dicas de como jogar como os craques dos anos 90.

Assim, cliente e agência criaram uma ação que vai das redes sociais ao telefone, misturando o atual com o datado em um storytelling divertido.

A campanha ainda conta com jogadores que marcaram época e participaram com suas vozes desse lançamento – são eles: Carlos Miguel (Grêmio), Giovanni Silva de Oliveira (Santos), Everaldo Stum (Chape) e Marcelo Ramos (Cruzeiro).

Acompanhe tudo no Instagram Umbro Brasil: https://www.instagram.com/umbrobrasil/

FICHA TÉCNICA CAMPANHA CANAL 95 – OF.3

Título: Canal 95. Cliente: Umbro Brasil Agência: EscalaCity+ Negócios: Renata Gouveia e Carla Pliski Planejamento: Juliane Kramer Criação: Cauã Teixeira e Beto Lopes Diretor Criativo: Gustavo Lacerda RTVC: Daniela Azevedo e Lucirene Barros Produtora vídeo: Libre Coletivo Diretor | filme: Gil Tuchtenhagen Produção gráfica: Ulana Daniel Fotógrafo: Roberto Hurtado Manipulação de imagem: Focal Arte-finalista: Adriano Chaves Sócios-diretores: Martin Haag e Paulo Melo Aprovação cliente: Renato Carrer e Fernando Martini

5 dicas para ter mais resultados nos negócios

CONCEITUE BEM OS PRODUTOS

Produtos de sucesso conectam muito bem a forma, a tecnologia e os comportamentos de uso. Há diferentes métodos para conceituação de produtos imobiliários, bens de consumo e serviços. Por aqui, nesses casos, já tivemos ótimos resultados com projetos de Comunidade Criativa, onde desenvolvemos um ambiente de cocriação, contando com a participação dos consumidores da marca. Também é possível conhecer a vocação de um terreno coma Estratigrafia Cultural, ou prototipar serviços com workshops de Design Thinking.

SISTEMATIZE SEUS ATIVOS DE MARCA

Marcas trabalham por você quando corretamente estruturadas. Além de um bom naming (escolha do nome),marcas precisam organizar sua identidade. Utilizamos ferramentas que estruturam o planejamento estratégico da marca mapeando seu DNA, avaliando projetos de co-branding, e projetando as narrativas que apoiarão os movimentos estratégicos do negócio.

MONITORE A QUALIDADE DOS SERVIÇOS

Serviços são muito irregulares e precisam de apoio para uma gestão de indicadores. É muito importante, e possível,ter no radar os gaps existentes entre suas execuções e as expectativas de seus clientes. O ganho da aplicação da metodologia com esse foco é a identificação das prioridades de ação e correção das origens das falhas de serviços. A qualidade em serviços é medida pela satisfação dos clientes. 

FAÇA A GESTÃO INTEGRADA DE CONEXÕES

Existem muitos pontos de contato, e como saber quais os que trazem a melhor contribuição para os seus objetivos? Cada conexão é feita através de conteúdo, contato e contexto. Por aqui, mapeamos pontos de contatos pra entender de forma sistêmica a jornada das personas, para entender o seu perfil de consumo de meios e contextos de interações diárias. Dessa forma, é possível organizar melhor orçamentos, priorizar suas ações e ganhar velocidade nas decisões de criação de conteúdo.

TENHA SEMPRE O DEDO NO PULSO DO CONSUMIDOR

A sociedade está mudando muito. O que muda é as mitologias, as crenças, as formas de entender a própria existência.Se você não estiver muito próximo das pessoas, elas podem estar mudando sem que você perceba. Conduzimos projetos de pesquisa para avaliar as tendências de comportamento em segmentos, o sentido dos produtos no cotidiano, recall e imagem de marca.

Gosta do assunto e quer conversar mais? Mande um e-mail para juliane.kramer@escalacity.com e troque uma ideia 🙂

Decifra-me ou te ignoro é o desafio do mercado 60+ às marcas

Mercado precisa compreender as necessidades do 60+

Artigo escrito por Martin Henkel – Diretor e Fundador ad SeniorLab mercado & consumo 60+

O título é inspirado do enigma da Esfinge do Egito e que tinha em sua resposta “um ancião”. De certa forma estamos vivendo um desafio contemporâneo e o Marketing 60+ é a próxima fronteira a ser explorada pelas marcas, produtos e serviços. Não se trata apenas de benemerência ou do politicamente correto, se trata mesmo da sobrevivência de muitas empresas. Sabemos que em 2030 teremos mais pessoas com 60 anos ou mais do que jovens de zero a 14 anos. Quem projeta é o IBGE, que também diz que, hoje, início de 2019, a população brasileira de mulheres 60+ já é maior do que a de meninas de zero a nove anos!

Ano passado, entre as dezenas de palestras e painéis que participei para tratar do tema marketing e consumo 60+, fui convidado a palestrar no Black Sheep Festival, no FT – Festival da Transformação e na Innovation Week, três dos eventos de inovação mais importantes do País. O que quero dizer com isso é que não se pode mais falar em inovação sem considerar todos os públicos e, em especial, o que mais cresce: os 60+. O Marketing 60+ é um novo e necessário capítulo a ser tratado pelas ciências do consumo. Ainda são raros os livros ou conteúdos acadêmicos específicos sobre isso, consumo 60+. Nos próximos anos isso vai mudar. Estamos traçando alguns caminhos que completam algumas lacunas e ajudam o marketing, a comunicação, o design de embalagens, o web e principalmente o app design com um olhar específico sobre a UX60+.

Alguns highlights:

  • 32,4 milhões de pessoas serão 60+ no final de 2019;
  • 18% dos gaúchos têm 60 anos ou mais;
  • O Rio Grande do Sul tem mais pessoas 60+ do que crianças de zero a nove anos;
  • 85% desta população (27,5) milhões) terão entre 60 e 79 anos;
  • A renda total dos 60+ será de R$ 940 bi este ano;
  • Respondem por 22% do consumo de bens e serviços nas famílias;
  • 43% dos 60+ são a principal fonte de renda nos lares brasileiros;
  • 26% dos 60+ já tem perfil ativo no Facebook.

(Fontes: IBGE projeção 2019, PNAD 2018, SeniorLab)

Aging in Market

O Aging in Market, conceito que criei há alguns anos e que aplicamos com nossos clientes, considera as questões naturais do envelhecimento e seus impactos nas relações de consumo com o público sênior. Em um mundo onde as projeções demográficas indicam um boom dos boomers é urgente evoluirmos nossas ofertas e adequações de produtos.

Separei alguns dos pontos de atenção do Aging in Market e suas justificativas:

Antropometria – as mulheres 60+ têm em média 1,57m de altura. Muitas terão perdido até cinco centímetros na sua altura dos 40 até a idade sênior. Este detalhe tem grande impacto no layout de lojas, planogramas para exposição de produtos, enfim… Se não enxergam não desejam, se não alcançam não compram. Tratando de apenas um dos muitos aspectos impactados pela redução na altura.

Criador do Aging in Market, Martin Henkel é parceiro das redes da EscalaCity+

Mobilidade e equilíbrio – os anos passam e a musculatura, articulações e alterações nos sentidos espaciais podem reduzir os reflexos e deixar o consumidor mais suscetível aos obstáculos imperceptíveis para outras faixas etárias. A acessibilidade, corredores e layout de lojas podem ser menos ofensores e “empurrar” o cliente para seu concorrente.

Audição – o envelhecimento auditivo reduz nossa sensibilidade aos sons agudos, é um processo natural. Para atendimento telefônico, narração em comerciais ou orientações por sistemas de som, as vozes graves como a do Bonner, da Renata Vasconcellos, são as mais adequadas.

Cognição – A atenção dividida é aquela capacidade natural aos adolescentes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ou dos adultos de meia idade em fazer algumas coisas ao mesmo. Com a senioridade a atenção vai ficando mais refinada e pede um foco maior. Faremos cada vez menos coisas ao mesmo tempo e nossa atenção será cada vez menos dividida. Isso vale para a vida, relações pessoais e relações de consumo. Transporto isso para uma situação de atendimento em uma loja. O vendedor precisa ter habilidade em falar a coisa certa no momento certo caso contrário perderá a oportunidade de fechar uma boa venda. São detalhes, mas não são detalhes, se é que me faço entender. O Aging in Market tem muito a colaborar com o varejo.

Alterações na visão – todo o corpo envelhece e passa por alterações sutis ou nem tanto. Com os olhos não é diferente. Além do óbvio tamanho das fontes utilizadas, as cores, contrastes e aplicações também causam grande impacto na percepção do olhar sênior. O cristalino fica mais denso e retém mais os espectros de luz azul, o que aumenta a percepção do amarelo. Imagine uma lente de óculos amarelada. A alteração na percepção de muitas cores é bem importante e não se recomenda a utilização de cores em tons pastéis pois serão interpretadas como cinza ou próximo de cinza. Transportando para a comunicação uma peça “alegre” ficará com uma percepção de “triste” e monocromática.

A abordagem do Aging in Market, que evolui a cada nova aplicação, considera mais de uma dezena de pontos de atenção e impacto direto no marketing, vendas, design, arquitetura de PDV e experiência do usuário. Prontos para incluir este público no seu plano estratégico? Entender, atender e fidelizar o novo consumidor 60+ é a única forma de garantir que o desafio do título deste texto não se transforme em realidade.